Mark Lanegan é sem dúvidas o grande sobrevivente da enxurrada grunge que varreu o mundo no começo dos anos 90 (falo de voos solo, porque ainda existe o Mudhoney).
Enquanto vários outros artistas arrastam correntes pelo mundo, sobrevivendo do passado, Lanegan traça sua própria rota ao longo dos anos, lançando (ora só, ora bem acompanhado) discos lindos, repletos de garrafas de uísque vazias, pontas de cigarro e canções marcantes.
Não é diferente com seu novo trabalho, o primeiro em sete anos (sem contar a parceria com Isobel Campbell).
Blues funeral, que sai oficialmente em 06 de fevereiro é a estreia de Mark Lanegan na 4AD, mas isso não significa mais que uma mudança de selo. Sua música permanece soturna, embriagada, e sua voz de barítono ainda é assustadoramente poderosa, cheia de alma e – por estranho que possa parecer – intimista.
Neste novo álbum, Mark conta com a participação de velhos amigos colaboradores (Greg Dulli, Josh Homme e Jack Irons), com as mãos de Alain Johannes na produção e com a presença de sintetizadores e drum machine (não se assuste. Ouça!).
Estes pequenos detalhes eletrônicos surgem tímidos em “Bleeding muddy water” e mais aparentes em “Ode to sad disco”, mas como dito acima não se assuste antes de ouvir. Até pelo nome das faixas (“sangrando água lamacenta” e “ode à disco triste”) não se pode esperar clima festivo.
Pelo contrário, Blues funeral é um disco quase mórbido (foi escrito após Mark quase morrer e, segundo o próprio, sob influência de Closer, do Joy Division) e nitidamente melancólico (ouça qualquer uma das 12 faixas); trilha sonora para dores incontidas e violentas ou simplesmente para porres homéricos e solitários.
Mais um trabalho essencial na carreira de Mark Lanegan.
Altamente recomendado!