20 anos atrás os rumos do rock – e da minha visão de música – foram entortados, derretidos, retorcidos e elevados a outro nível, distante anos-luz do hard rock farofa, da dance music tosca e de tudo que circulava mundo afora por essa época.

Entre os desbravadores desse novo mundo, quatro jovens vindos de Dublin, na Irlanda, lançavam seu terceiro disco, colocavam uma parede de guitarras distorcidas ao extremo à frente de sua música e reinventavam a concepção do termo shoegaze. A banda é o My Bloody Valentine, e o álbum em questão é Loveless.

Lançado pela Sire e todo calcado no trabalho egocêntrico e obsessivamente perfeccionista de Kevin Shields, Loveless é hoje ainda mais influente do que em 1991. Bandas e mais bandas o colocam em um pedestal e criam se valendo dele como base. E Não é para menos.

Carregado até o talo de efeitos e mais efeitos e nublado por uma nuvem onírica do começo ao fim, o álbum permanece como pedra fundamental do shoegaze. As vozes – quase inaudíveis em sua maioria – dão um ar melódico e sensual à confusão instaurada pelas guitarras de Shields e Bilinda Butcher (que também dividem os vocais) e bateria e baixo, que normalmente ditam o ritmo das músicas, também são abafados, encobertos, e por isso mesmo aparecem discretos. Parte da escola MBV…

Escutar Loveless é uma experiência única, mesmo com toda a evolução da música nesses 20 anos passados de seu lançamento. Mais que um disco, suas 11 faixas compõem uma obra mítica, um atestado de que o tempo nem sempre é capaz de datar a arte ou contextualizá-la em um período, circunstância ou situação.

Obrigatório!


18 respostas para “My Bloody Valentine – Loveless (1991)”.

  1. […] ano o marco definitivo do shoegaze completa 20 anos, e seus filhos bastardos continuam a dar as caras, seja no Brasil, seja no Japão, […]

  2. […] referências da banda são as melhores possíveis: Sonic Youth, My Bloody Valentine e toda a barulheira alternativa que surgiu nos 90′s e vem sendo reeditada nos últimos […]

  3. […] tsunami shoegaze que vem varrendo cada canto do globo anos depois do terremoto que lhe deu origem chega agora à Califórnia, e de sua passagem por lá surge o quinteto […]

  4. […] Lost tracks se assemelha mais a Isn’t anything que a Loveless, com aquelas viradas rápidas de bateria e as guitarras menos carregadas de efeitos […]

  5. […] quanto Screamadelica, Loveless e Nevermind (todos de 1991), Blue lines é um álbum revolucionário por absorver parte da cultura […]

  6. […] desde os primórdios do MBV (“Cigarette in your bed”, “Thorn”) até seu canto do cisne (“When you sleep”, […]

  7. […] álbum, inevitavelmente, traz muito do My Bloody Valentine circa Loveless em seu DNA – inclusive na semelhança estética do clipe acima, “Floating in […]

  8. […] Os japoneses realmente são foda! Enquanto Kevin Shields enrolava para lançar o tão esperado álbum do My Bloody Valentine (m b v, em breve por aqui), algumas bandas da terra do sol nascente gravaram e lançaram – via High Fader Records – um tributo aos papas da distorção, especificamente à sua obra fundamental, o precioso Loveless. […]

  9. […] tantos anos que separam Loveless de m b v, o (não mais) lendário novo álbum do My Bloody Valentine, muita coisa realmente […]

  10. […] lentas…mais ou menos como aconteceu com o My Bloody Valentine de Isn’t anything para Loveless . Com essas referências acho que não preciso dizer mais […]

  11. […] super barulhento e que Glow & behold é super pop. Barulhento é o Psychocandy, distorcido é o Loveless, dissonante é o Daydream nation, porra. O resto é papo […]

  12. […] – que superou Nevermind, Loveless (do My Bloody Valentine) e Out of time (do R.E.M) na lista de melhores discos de 91 da revista Spin […]

  13. Adenilson

    Escolher um álbum como preferido ou “o melhor” não é nada fácil,pra quem gosta muito de música sabe disso.
    Das incontáveis músicas que nos tocam n’alma,que nos remetem a pensamentos distantes e tão íntimos,sonhos a realizar ou anseios saciados,vontades,gostos ou uma mera lembrança….tudo isso uma música nos pode provocar.
    Sendo assim,é só montar uma simples playlist dessas pérolas e se deliciar mas agora….agora,vem a grande questão,e quanto ao álbum que se possa desfrutar “de ponta a ponta” com 100% de aproveitamento e desfrute??
    Eis a grande “descoberta” pessoal e íntima,sim claro!!
    Um álbum que tenha essa façanha e maestria de despertar,tudo o que mencionei acima,no seu ouvinte é sem dúvidas um clássico ímpar.
    Sonoramente falando,imagino a superlativa felicidade de quem têm elegido e descoberto mais de um álbum com esses dotes…
    Um bocado de discos ouvi,incontáveis por ainda descobrir,e quero muito ampliar a minha lista pessoal de álbuns mágicos mas até agora e hoje apenas um…
    Bom,até hoje sou cativo desse tal entitulado Loveless.
    Não que seja o mais ouvido da minha discoteca,música têm dessas ora víscerais e ininterruptas “sessions” ora de quando em vez….o fato é que toda audição desse disco me remete a além-mar de pensamentos e sensações.
    E,uma vez mais,recorrente e repetitivamente,tal qual a hipnotizante e redundante atmosfera do disco me vejo “tentando” novamente descrever as impressões que me causam ao ouví-lo…
    Enfim,explicar o que se sente é difícil,por vezes nos faltam a sabedoria do verbo ou a tentativa de associar a sensação com a razão…mas decerto tenho minha conclusão pessoal sobre esse disco : o MBV conseguiu traduzir em sons algo indizível,que apenas é sentido quando se ouve e “descobre” esse tal de Loveless…transcendência sonora,assim a chamo…….eis minha trilha pessoal,Loveless…

  14. […] o disco que é considerado – não sem razão – a pedra fundamental do shoegaze. Loveless, do My Bloody Valentine, saiu em novembro e elevou a enésima potência o barulho que a banda do […]

  15. […] “Queen of the north” é shoegaze sonhador direto da escola My Bloody Valentine circa Loveless, influência clara tanto na sonoridade da Sorry Shop quanto na estética do […]

  16. […] durante todo o verão (do hemisfério norte) divulgando seu novo trabalho e preparando os fãs para Loveless, que só chegaria no final de 1991. Mas antes disso ainda houve Tremolo e outras histórias que […]

  17. […] então temos aí duas semelhanças com o My Bloody Valentine de Kevin Escudos e seu monstruoso Loveless: o apego aos detalhes de seu principal criador e o tempo de […]

  18. […] MBV e assim batizado em homenagem ao pedal homônimo, saiu em 04 de fevereiro, nove meses antes de Loveless, como uma ‘versão maior’ do single To here knows when, lançado no mesmo dia. Maior […]

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